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Ser é a melhor maneira de ensinar




Pode parecer meio óbvio, mas não é bem assim...

Ser o exemplo do que desejamos é a melhor, senão a única, maneira efetiva de ensinar algo para os nossos filhos. Quando essa ficha cai o frio no estômago é inevitável.

Lembro de antigamente (só antigamente?) quando os pais diziam "faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Máximas como essa não só fazem pouco sentido como, também, não têm nenhuma utilidade na realidade da educação.

É pelo exemplo, pela observação e imitação do que fazemos, que as crianças aprendem a andar e a falar, a usar o espaço e os objetos do seu entorno a comer e... a tudo mais. Tudo. Compreender esse início de aprendizado é natural, mas parece que as pessoas esquecem disso, conforme vamos avançando em direção aos comportamentos sociais mais complexos e elaborados.

A criança reage aos fatos com base nas nossas reações rotineiras, estabelecem relacionamentos com base em como nos relacionamos com todos... se expressam, respeitam, consideram, agridem e amam repetindo os padrões aprendidos com as pessoas do seu convívio mais próximo, principalmente os pais e cuidadores diários. Quanto mais próxima a relação da criança com uma pessoa, maior a tendência de seu comportamento servir de modelo.

Claro que o pequeno vai se descolar disso, testando as respostas a outros comportamentos que venha a observar e absorver (de outras crianças da pracinha, de primos e vizinhos, de coleguinhas de creche...) mas a base ainda é esse referencial que somos.

Acredito que, ao compreendermos isso, fica clara a razão de não funcionar quando pedimos que uma criança "pare quieta" se nós não conseguimos ter um tempo tranquilo para os afazeres da casa. O filho que nos vê correndo de um canto para o outro, tentando dar conta de tudo, nos seguirá nesse ritmo frenético, ainda que não esteja empenhado em ajudar a recolher a roupa espalhada (talvez até esteja espalhando os brinquedos por tudo, enquanto nos segue).

Na minha caminhada de pedagoga escolar vi, inúmeras vezes, professores desesperados que gritavam em sala de aula: Falem mais baixo, por favor! Subindo o tom de voz até chegar à rouquidão. Nada pode fazer menos sentido, não é?

A melhor maneira de educar uma criança ainda é respirar fundo e olhar atentamente para nós mesmos. Provavelmente descobriremos que muito, senão tudo, do que mais gostaríamos de corrigir no comportamento dos nossos filhos e alunos são lições que lhes damos por exemplo, sem nos darmos conta disso.

Esse assunto dá muito "pano pra manga"... ainda temos muito o que falar sobre como podemos refletir e nos educarmos na prática. O faremos!




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